Produzido em 1975, o filme do gênero drama aborda o ambiente de um hospital psiquiátrico causando uma misturada de revolta, tristeza e pequenos momentos cômicos aos que assistem.
O cenário do filme demonstra a total repressão aos pacientes. Junto aos distúrbios mentais, suas liberdades são tiradas sem ao menos poderem assistir a final do campeonato de Baseball. Indignado, o novo paciente, Randle Patrick McMurphy (Jack Nicholson) diz que o momento de estarem todos juntos assistindo ao jogo televisivo poderia ser terapêutico para ele, expressando seu descontentamento pelas terapias tradicionais obrigatórias sem o consentimento de vontade própria dele.
Randle Patrick vai mudando a perspectiva dos seus colegas promovendo uma mudança neles para melhor convivência e adaptação ao ambiente hospitalar.
O cotidiano é sentido como tedioso e cheio de regras, sufocando e aniquilando qualquer possibilidade de surgir um novo comportamento ou visão do mundo externo ao hospital.
Além disso, a história aborda a lobotomia, um procedimento cirúrgico cortando as conexões entre os lobos frontais e o restante do cérebro, com a intenção de eliminar doenças mentais ou modificar os comportamentos ditos inadequados. A técnica foi desenvolvida pelo neurologista português Dr. António Egas Moniz e o cirurgião Dr. Almeida Lima e causava sequelas irreversíveis passando a entrar em desuso após a descoberta dos primeiros medicamentos antipsicóticos.
Em meio a isso tudo, podemos perceber claramente como o movimento anti manicomial foi um grande progresso e um alívio diante desse terror terapêutico aprisionando pessoas num espaço “frio”, sem referências externas, sem identidade e respeito a vida humana. Colocando todos no papel de doente impossibilitado de qualquer vontade própria e opinião diferente, restando-lhes o próprio esquecimento e a forma já automática de obedecer as temidas autoridades.
Vale pensar que isso não se trata de saúde mental, mas sim total destruição da mesma, implantando nos pacientes a ideia frequente de incapacidade e tornando assim vulneráveis ao antigo sistema desumano psiquiátrico.
Na forma de aprisionamento hospitalar, podemos observar a lógica das instituições estudadas por Michel Foucault. O exagero das rígidas regras, só torna o ambiente perfeito para quem as cria, promovendo o medo da punição em questionar ou infringi-las. Demonstrando de forma nítida estar longe de uma proposta qualificada de cuidado humano, e somente uma forma de isolamento dos “loucos” aqueles fora dos padrões da sociedade dita civilizada.